"Sou má na expressão da minha fragilidade. Ou, às tantas, sou mesmo má a expressar-me.
Não gosto de beijos e abraços por dá cá aquela palha e só porque sim. Choro muito raramente, tanto que quando acontece deixo as pessoas em meu redor em pânico. Não verbalizo a dor, não gosto de falar das minha mágoas ou medos. Gosto da minha imagem de dura que não é só imagem, sou eu, sim. Não sou uma pessoa fria, não confundam.
Sou sensível mas não estendo a minha fragilidade ao sol à espera que core e mostre as suas cores ao Mundo. Enxugo-a dentro de casa. Com aquecedores ligados à corrente, ainda que para isso a factura da electricidade doa a pagar. As pessoas como eu sabem que há sempre um preço a pagar por esta reserva, este pudor, este resguardo.
Não é que seja má de afectos, que não o sou. Sou má na expressão de tudo o que expõe a minha fragilidade. De tanto me mostrar dura ganhei uma carapaça rija. A carapaça colou-se, entretanto, à pele, unas num só corpo que é o meu."
daqui
Sem comentários:
Enviar um comentário